2.1.12

No frio do meu calor...

Rompe a aurora num estado de chuva miudinha. Dia triste e sem sentido. Despeço-me, alma errante porque está na hora de partir. É sempre longe de mais, quando a partida é forçada. Olho o céu, repleto de nuvens, e dispo o meu peito. A dor irrompe o meu corpo. A música, em marcha lenta, acena despedindo-se. Não existem carpideiras nestas alturas. Guardo a lembrança do que sinto. Do que vivi a teu lado. Para sempre, numa rara imagem nostálgica de amor. Inspiro e, de novo, irrorecomeço a chorar. Não me reconheço ao espelho. O vazio que fica de ti, invade-me de forma insultuosa e desvairada. Percorre-me, deixando-me à sua mercê. Nunca terás consciência do que estas despedidas provocam em mim. Da sombra que deixa em meu peito. De ti fica apenas o silêncio das palavras que invocaste. Dos teus gestos, sorriso e cheiro a mar. Vieste e estiveste de novo. E, de novo, partiste deixando-me para trás. Entregue a pensamentos e desejos ávidos de ti. Estou, mais uma vez, desarmada. Vacilo e procuro, no refúgio do meu lar, um recanto que me aconchegue. O dia, apesar de claro, começou escuro e triste. Vazio. Mesmo sabendo que tudo na vida é cíclico, esquecemo-nos que aquilo que existe hoje, amanha não passa de uma miragem. Nada é definitivo nem acontece ao tamanho dos nossos desejos e necessidades. Fecho a porta. Sinto frio, apesar de agasalhada.


Tell@

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