Final de dia!

E eis que o dia chega ao fim.

Depois de vários incidentes, uns de maior outros de menor importância, consigo sentar-me e divagar. Quase não dei pelo dia passar. Senti-o da pior forma possível. Senti-o por entre reuniões, vozes cansadas e nervosas, ideias que teimaram em tomar forma, dores no corpo e ataques de tosse, gritos estridentes em reflexo de desaprovação, um carro que avariou e não me quis transportar para casa, uma voz ao telefone que, em vez de me acalmar, me impeliu, obrigando-me a proferir palavras mais duras e pouco sensatas. Preciso que o tempo pare ou a vida desacelere. Hoje estou cá e quase não dou pela vida passar, senão quando me deito ao fim da noite. São demasiadas as sensações que não permitem que a vida flua em nós, castigando-nos pelos actos ou pensamentos mais ousados que, entretanto, se desenham na nossa mente. Libertar a mente é desinibir o corpo. Preciso de descanso e sentir que, quem me quer, se acalme e pondere. Cada um de nós cria a sua própria realidade. Todos desejamos a mesma felicidade. E a paz faz parte de qualquer estado de felicidade. É um lema consensual entre o comum dos mortais. O fim da noite já bateu à minha porta, tal como o sono e o cansaço que me perseguem. E eis que o dia chega ao fim para que eu possa, finalmente, fechar os olhos e aquecer-me no meu leito. Desligo a luz, respiro de alívio e acomodo-me por entre lençóis de flanela. O balanço do dia é pouco satisfatório. Resta-nos a sombra de nós mesmos, mesmo que encarquilhada e cansada das mudanças e acomodações que nos impõe. E, em jeito de segredo, rezo baixinho a oração que me acompanha diariamente: "Anjo da guarda minha companhia, guardai-me de noite e de dia". Hoje, mais do que nunca, não te esqueças de mim. Espero que o dia de amanha seja bem melhor. Ninguém merece um dia como este.

Tell@